Em 2021, a indústria brasileira enfrentava os primeiros sinais de recuperação após o impacto severo da pandemia de Covid-19. Naquele momento, a produção industrial teve um crescimento tímido, de 0,4% de dezembro de 2020 para janeiro de 2021, e acumulava uma recuperação importante em relação ao período mais crítico do isolamento social.

Porém, mesmo com avanços, o setor ainda sentia os efeitos das quedas abruptas de 2020, estando quase 13% abaixo do seu pico histórico, e o crescimento seguia lento e cheio de incertezas.

Essa fase foi marcada por uma mistura de esperança e cautela, enquanto as empresas buscavam se adaptar a um novo normal, com cadeias produtivas ainda fragilizadas e consumo interno oscilante.

 

Enfrentamento da crise

Em 2021, o setor industrial adotou diversas estratégias para mitigar os impactos da crise. Muitas empresas passaram a diversificar fornecedores para enfrentar problemas nas importações, investiram em novas máquinas e processos produtivos e começaram a implementar modelos de gestão mais ágeis e digitais.

Essas medidas, que foram essenciais para a sobrevivência naquele período, continuam a influenciar a indústria atualmente, preparando o terreno para avanços tecnológicos e maior resiliência.

 

Indústria 4.0 na indústria brasileira

Já naquele período, a Indústria 4.0 despontava como um caminho fundamental para a modernização. Sensores conectados, análise preditiva, robótica e manufatura aditiva começaram a se consolidar, possibilitando maior eficiência e personalização da produção.

Hoje, em 2025, essas tecnologias avançaram, ganhando escala e se tornando pilares da competitividade industrial brasileira, impulsionadas pelo 5G e pela transformação digital acelerada nos últimos anos.

 

Sustentabilidade na produção industrial brasileira

A sustentabilidade já estava em pauta em 2021, mas desde então, o tema ganhou força como um diferencial estratégico. As empresas buscam cada vez mais práticas que reduzam impactos ambientais e promovam economia circular, alinhando demandas de consumidores, reguladores e investidores.

Esse compromisso ambiental é visto hoje como essencial para o posicionamento da indústria brasileira no mercado global.

 

Gestão interna humanizada

A pandemia também trouxe à tona a importância da gestão humanizada, incentivando maior atenção ao bem-estar dos colaboradores e à qualidade de vida no trabalho.

Essa preocupação segue como prioridade, com muitas indústrias investindo em comunicação interna, capacitação e tecnologias que facilitem o equilíbrio entre produtividade e saúde dos trabalhadores.

 

Projeções para 2025 e 2026

  • A CNI projeta um crescimento de 2,0% para a indústria em 2025, frente aos 3,3% de 2024.
  • Alternativamente, estima-se que o PIB industrial do país crescerá cerca de 2,1%, com desaceleração para torno de 2,2% em 2026.
  • Já o PIB total deve avançar entre 2,3% e 2,4% em 2025, o crescimento mais baixo em cinco anos.

 

Fatores que moldam o futuro

  1. Taxa de juros elevada (Selic)
    A CNI estima que a Selic variará entre 14,25% e 14,75% ao final de 2025, o que pressiona os custos de financiamento industrial.

  2. Contexto externo adverso
    Tensões comerciais internacionais e uma moeda desvalorizada ameaçam a competitividade das exportações, ao mesmo tempo em que encarecem insumos importados.

  3. Ritmo moderado de demanda interna
    A desaceleração no consumo doméstico resulta em crescimento fraco de segmentos como bens de capital e intermediários.

 

O que esperar para o segundo semestre de 2025 e início de 2026

  • Crescimento industrial modesto entre 1% e 2% no acumulado de 2025.

  • A política monetária deve se manter rígida até meados de 2026, limitando novos investimentos no setor.

  • A evolução da política industrial pode impulsionar segmentos estratégicos, mas os efeitos plenos só devem surgir no ciclo 2026 em diante .

  • Confiança empresarial permanece contida: crescimento lento, sinais de recuperação leve, mas riscos globais persistem.

 

Conclusão

Em vez do otimismo moderado de 2021, a indústria brasileira entra em 2026 com crescimento lento, sustentado por alguns segmentos fortes (extrativas, bebidas, veículos) e apoio estatal por meio do plano Nova Indústria Brasil. Mas enfrenta juros altos, incertezas internacionais e fraco impulso da demanda interna. Pode crescer entre 1–2% em 2025, com perspectivas ligeiramente melhores no médio prazo (2026+), caso a política industrial gere efeitos mais robustos.

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